José e a casa

Dona Maria Celeste foi a inspiração maior do único filho José, o amor por sua genitora deu asas aos seus sonhos e o fez sair de uma vida tranquila no pequeno vilarejo, em que residia, para enfrentar os desafios dos grandes centros urbanos, onde as mazelas se escondiam por trás de cada ser social, o seu grande objetivo era poder ajudar a sua família financeiramente, e presentear a sua mãe com uma casa digna. 
O jeito que enfrentava as dificuldades em seu mundo desprovido de vaidades, fazia com que àquele menino fosse diferenciado de outras crianças, o desejo de ser um vencedor associado a coragem para ajudar os pais no dia a dia de uma propriedade rural, de pequeno porte, não o desanimava. Antes mesmo de o galo cantar na roça da família ele já havia levantado e ingerido café acompanhado com o pão feito, no dia anterior, por sua mãe.
O seu pai, Francisco dos Santos, conhecido por "Chico", lhe educou para não ter medo e ser justo, e assim José cresceu com estes valores até se transformar em um adulto. As alegrias ao lado dos colegas da escola, as brincadeiras do seu avô Trovão, as amizades que mantinha com o galo Pimpão, e Nego o seu melhor amigo, alimentaram de felicidade a infância e a juventude de José. 
Ao longo de sua jornada, depois que saiu do vilarejo com a companhia de teatro e dispersou-se pelo mundo, encontrou anjos em forma humanas, dois deles foram muito importante em sua jornada, Cristal de Belén que cuidou dele depois de tê-lo encontrado em uma caverna de Torla, e Francescoli que o ajudou a fugir da máfia italiana. Amigos que estiveram sempre prontos para ajudá-lo em momentos difíceis. Em contrapartida conviveu com Beto e o diretor Tomás, homens que praticavam o mal constantemente e que de certa forma foram importantes para lhe firmar no caminho ensinado pelos seus pais.
            Depois que saiu do Brasil, José, conheceu algumas cidades europeias há procura de alcançar uma condição financeira estável, viveu situações de perigo quando esteve preso e quando se envolveu com mafiosos. Sofreu quando perdeu a sua esposa em um acidente de carro, mas nunca abaixou a sua cabeça se sentindo derrotado.
            A resiliência de José o fez recuperar a sua grande paixão de adolescente, Beatriz, a sua primeira namorada. O destino os havia aproximado depois de passados longos anos sem contato, o amor mútuo que sentiam não havia sido dissipado pelo tempo. Depois do reencontro o casal ficou unido até o fim de suas vidas. 
Já instalado de volta a sua terra natal ele resolveu seguir a carreira política quando pensava que isso o faria se transformar em um provedor dos oprimidos, contudo àquele mundo de pessoas corruptas era perverso e estava destruindo a sua família. Depois dos apelos de sua esposa, José não teve dúvidas e abandonou aquele mundo de mau-caratismo, preferiu ajudar as pessoas de outra forma.
Após alguns anos de seu retorno à terra natal, José, sentiu que havia concretizado a promessa que fizera aos seus pais e aos seus colegas de escola, contudo em seu coração ficou o arrependimento de não ter convivido a maior parte de sua vida na presença de sua família. O remorso acompanhou José pelo resto de seus dias. 
            Depois da morte de José, a sua esposa e sua filha de criação seguiram construindo algumas casas no antigo vilarejo e alimentando os cidadãos mais humildes que faziam moradas nas ruas. Este legado da família demorou algumas décadas, eles ficaram conhecidos em toda a região baiana pelas suas bondades.