A introspectiva submersão
Foi então que ele enfim abriu os olhos.
Quando se deu conta, estava coberto de sangue e ranhuras.
No seu hálito, carregava o presságio da morte e um desejo carnal.
Nas suas mãos, o coração recém removido ainda batia freneticamente.
Com a coroa encrustada em sua cabeça, era difícil diferenciar o que era ouro e o que era carne.
Não se lembrou de tudo o que fez, mas teve a sensação de que algo drástico foi cometido.
As narinas sentiram que o perigo poderia estar próximo.
O que ou a quem havia aborrecido?
Em questão de segundos estava cercado por eles.
Ferozes e com dentes amostra, não hesitaram em dilacerar o órgão.
Só não contavam que ele mesmo fizesse parte do sacrifício,
Mas estava disposto a fazer de tudo, para seguir com o bando.
Por isso, lágrimas de sangue pintam as histórias desse livro.
Há uma raiva intrínseca e primordial.
Mas isso, é reflexo de um poeta que deixou de compor com seu coração,
Porque foi cercado por criaturas sanguinárias e entregou tudo o que tinha dentro do peito, em troca de proteção.